Quando a intensa conexão torna-se dependência digital?


                                                       
foto: arquivo google


Por Victoria Cezar 

Os brasileiros passam em média 9 horas por dia conectados ao celular e desbloqueiam o
aparelho, cerca de 80 vezes ao dia, contendo notificações ou não. Esses são resultados da
Global Mobile Consumer Survey e Agência Internacional We Are Social, que refletem uma
propensão crescente da dificuldade de viver sem o smartphone. Será que dentro deste uso
generalizado, existem usuários mais exagerados que outros?

“Quando as relações sociais passam a deteriorar-se por causa destas tecnologias, passam a ser
excessivas. Quando a vida para além das telas de computadores e celulares é colocada em
segundo plano”, explica Vitor de Morais, Graduado em psicologia pela UFF.

Estudo realizado por pesquisa do Laboratório de Pânico e Respiração, do Instituto de
Psiquiatria da UFRJ, LABPR, identificou alterações no comportamento dos pacientes com
transtornos de ansiedade relacionados ao uso exagerado do computador e dos smartphones,
que afetam a qualidade de vida dos usuários. Ainda segundo eles, o comportamento se
aproxima de um dependente químico, e causa uma conduta compulsiva e perda de controle.

“A sensação de abstinência do uso pode ser um fator indicativo do quão grave e séria está a
situação.”, explica o psicólogo Gabriel Melgaço, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro
(UERJ) “O que vem de investigação, é como o uso excessivo pode afetar a saúde mental e
física, e influenciando na rotina, relacionamentos, na vida acadêmica e profissional”.

Os danos no cotidiano

O estudante Victor Pereira, de 18 anos, gasta em média doze horas por dia conectado na internet
e checa suas notificações a cada cinco minutos. “Minha rotina com o celular já começa às 6
horas da manhã. A primeira coisa que faço quando acordo, é checar minhas mensagens”, diz.

O jovem conta que sua dependência já lhe causou insônia, ansiedade e afeitou suas reações
sociais. “Às vezes prefiro ficar em casa jogando ou nas redes sociais do que sair com alguém.
Se saio, pode ter certeza que estarei conectado no celular”, desabafa.

Detox digital

Wendel Nevel, 21 anos, conta sobre sua experiência sem celular e diz que sentia-se preso em
um mundo paralelo, através das telas no aparelho telefônico. “Me senti um indigente, porque
tenho o hábito de checar minhas redes sociais a cada 10 minutos no máximo. Parece que o
mundo inteiro existe e você não”, conta. O jovem fala que desapegar do vício é complicado, já
que sua carreira em Design exige uma constante relação com a internet.

Os prejuízos para a saúde

De acordo com Gabriel Melgaço, os principais sinais de dependência tecnológica são: a
pessoa estar em um ambiente social e interagir apenas com celular, checagem compulsiva e a
angústia de não utilizar as redes. “Hoje a tecnologia é cada vez mais importante em nossa
vida. São ferramentas cruciais em muitas profissões e na vida social. Então é preciso ter
cuidado na hora de diagnosticar e diferencia o saudável do patológico”, explica.

Tratamentos

A psicóloga, Sheila Reis, explica as dificuldades de solucionar esse tipo de transtorno já que
estamos na Era da Internet. Para isso, a especialista fala da necessidade que a pessoa busque
compreender o que a faz tão dependente dessas relações virtuais e buscar “Tratamentos
psicoterápicos, e dependendo do grau que se encontre, um tratamento clinico ou até mesmo
psiquiátrico”, esclarece a psicóloga.

Em relação à dependência tecnológica, os especialistas deixam claro que por ser um campo
ainda muito recente, existem controvérsias. Com a evolução das tecnologias e sua constante
participação no dia a dia podem dificultar o diagnóstico confiáveis. No Brasil, desde 2006, o
Grupo de Estudos sobre Adições Tecnológicas (GEATC), estuda a influência da internet e
jogos eletrônicos na saúde mental e física dos jovens.

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